Travessia
Minha
verve se contorce num beco escuro
Atiro
paredes contra meus soluços
Vandalizo
caminhos com os meus pés mudos
Brinco
insana sob labaredas
xxx
Caça
Minha
palavra é rapina
que mutila
tuas liturgias
que mutila
tuas liturgias
Autópsia
de anjos ápteros vingados
Caligrafia de intempéries
Surto de miocárdios
Caligrafia de intempéries
Surto de miocárdios
Escuto
meu sangue correndo Espingarda canção
entre leões
entre leões
xxx
Rugidos
Minha
boca é um coágulo lírico
Sutura
que sangra poesia
Minha
pele se emaranha em flamas
E
o meu olhar se enlua
Um
obus de beijos trucida minha nuca
Línguas
faíscam em meu pescoço
Esfrego
gritos entre os seios
Nas
têmporas martelo o prego do segredo
xxx
Selvática
Morder a polpa da palavra
Violentar
o verbo
Açoite
Até
que o rubro escoe
Atingir o cerne
Com
sabre, punhal
Lacerar o arco e a lira
Alvo
metafísico
Colisão cáustica
Matilha
sádica
Eu quero o aborto
da
aurora boreal
Anna
Apolinário (João Pessoa/PB), pela graça de Deus, ou do diabo,
é poeta. Publicou os livros Solfejo de Eros (CBJE, 2010) e Mistrais
(Prêmio Literário Augusto dos Anjos Funesc PB, 2014).
Nenhum comentário:
Postar um comentário